terça-feira, 15 de novembro de 2011



Sai pela porta, mas deixa sempre uma janela aberta. Apressa o passo. Pula umas pedras pelo caminho e vai. Um sorriso aberto feito sol de verão que inaugura o dia. Lembra da menina que era ainda em outras primaveras. Quem inaugurava agora, era ela. Estampa o rosto de mudança. Percebe o tamanho das pernas. Prontas para pular. Agora abismos. Essa era sua especialidade. Pulos. Sempre em frente. Depois de muito tempo, ela agora sabia bem onde queria chegar.


Vanessa Leonardi

segunda-feira, 14 de novembro de 2011



Provavelmente as coisas mudariam com o tempo, com o passar de cada dia, aqueles longos, compridos, esticados num relógio feito para esmagar a paciência de quem chora, sim, as coisas ficariam bem. Tudo ficaria organizado, como meias colocadas na gaveta, como roupas separadas por cores, como chuva com hora certa para chover, mês certo para ir embora. Mas, quem é que disse que o coração sabe esperar pelo tempo? Coração desconhece lugar, não conta noites nem estações. Coração dispensa até mesmo o óbvio por que é imediatista. Coração precisa de nuvem pra chover em tempo de seca e não quer esperar o horário do tempo marcado. Precisa de doçura que antecipe a doçura que está por vir. Quer lenços que sequem as lágrimas que ainda nem se quer molharam o rosto. Coração é impaciência, desespero, tem medo do medo. Provavelmente, sim, é claro que as coisas mudariam com o tempo, com o passar de cada dia, mas ela queria a cura pra ontem.

Camila Heloíse